quinta-feira, 23 de março de 2017

Thalles Roberto, o pedido de perdão e a confissão que realmente importa

No último dia 22.03.2017, o cantor Thalles Roberto fez uma transmissão em seu Facebook pedindo perdão pelas bobagens que falou nos episódios em que disse “estar acima da média”. O vídeo foi uma surpresa para aqueles que arriscavam que o Thalles tivesse “abandonado” sua carreira como cantor gospel ou até mesmo se desviado na fé.

No vídeo, após cantar duas canções, Thalles primeiramente afirmou que está em comunhão com a igreja e que esteve ausente este tempo por estar em turnê pela América Latina, tendo passado por mais de 20 (vinte) países; contudo, disse que necessitava tirar um peso do coração e pedir perdão por reconhecer que aquele episódio repercutiu negativamente entre os cantores do gospel e a comunidade evangélica.

Thalles diz que procurou pessoalmente alguns cantores como Anderson Freire, André Valadão, Bruna Carla, e que teria feito pessoalmente o pedido de perdão, no entanto necessitava fazer isso publicamente aos outros cantores e também aos evangélicos, como um todo. Em nenhum momento o cantor tentou se justificar, mas simplesmente aceitou que errou feio. Disse estar sendo difícil, mas  também libertador, fazer aquele pedido. Declarou que durante este tempo distante Deus tem tratado com ele, refinando o seu caráter, e consequentemente lhe ensinado o caminho da humildade.

Mas vamos a uma visão mais holística do deslize do Thalles.

Talvez isso nos faça, pelo menos ainda, acreditar que o fato de ele ter pedido perdão, não significará uma mudança radical, a saber, do Thalles presunçoso para o Thalles quebrantado e obstinado pela glória de Deus – “Mas você está rejeitando o perdão do Thalles?” Evidente que não! Por mim Thalles já pode estar perdoado antes até do meu e da sua resposta a essa solicitação. Quem somos nós para não perdoar? Pecadores perdoados não têm direito de não perdoar. (Mt 18.23-35)

Vamos para o que realmente importa.

Observe que quando Thalles afirmou estar “acima da média” ele só revelou publicamente a ponta do iceberg. Isto porque esse iceberg já havia sido fundado há muito tempo atrás. O início de seus deslizes se deu quando ele – sendo mal (ou nunca) discipulado e assessorado - decidiu entrar no circuito da música gospel em sua versão mais mercadológica possível. O deslize continuou quando ele se submeteu a ser consagrado pastor, sem preparo teológico algum, pelo Apóstolo Estevam Hernandes – um dos mais “embaçados” líderes do movimento neopentecostal do Brasil. A coisa foi ficando mais tensa quando em seus shows Thalles passou (ou tentava) a promover fenômenos carismáticos como “batismos com o espírito santo”, “cair e mover no espírito”; quando acreditou que a sua toalha molhada de suor podia curar e/ou quando creu que estava na ponta de frente de um suposto avivamento no país. A coisa foi deslizando mais ainda quando chegou à prateleira do gospel a “Bíblia do Thalles”... O astro era um fenômeno - crescia em shows, fama e evidentemente, recebia muito cachê. Suas apresentações não passavam nem perto de ser um culto voltado para o louvor e a adoração, do contrário, apresentavam-se como um show bussines sofisticado e recheado de muita forma e efeito, cujo centro era ele mesmo.

Tristemente, quando nas muitas aparições na TV, nos deparávamos com um homem auto-centrado, revestido de um personagem pop que mais evidenciava sua própria marca do que o Evangelho. O deslize já não era um, mas inúmeros. Lamentavelmente, Thalleco subia no palco de líderes neopentecostais, cantava com eles e ainda reconhecia os seus “apostolados” [2 Jo 1.10] (como fez com Valdemiro Santiago ao dizer que aquele lugar era um lugar de milagres e ainda divulgava o seu carnê de semeadura). Somando-se a tudo isso discorrido, e a tantos vacilos os quais não compensam mais citar, nos deparamos com um Thalles que não mais se via um simples irmão, mas um gigante Thalles Roberto, inclusive “digno” de comercializar o seu próprio boneco. Bem, perdoe-me estar jogando água no feijão. Mas, note bem, se estamos ansiosos para reencontrar com um Thalles Roberto verdadeiramente humilde, centrado em Deus, e desejoso de “desaparecer” ante a Graça de Deus para que Cristo seja exaltado, este perdão pode até ser um bom sinal, mas ele é insuficiente para um genuíno recomeço.

Evidentemente eu e você não somos as pessoas ideais para receber o pedido perdão do Thalles. Não foi a mim que ele corrompeu, mas a si mesmo. Não foi a mim e a você que ele rejeitou, mas pureza e simplicidade do Evangelho.

Diante de tantos equívocos em sua carreira, visivelmente relacionados com o egocentrismo, orgulho, incredulidade, amor ao dinheiro, apostasia e heresias, este pedido de perdão pelo fato de ter “ferido” seus colegas de profissão ou entristecido evangélicos, não passa de um mero pecado moral já perdoado por aqueles cristãos que sabem o quão pecadores são. Mas, infelizmente ele não consegue perceber a gravidade de tanta violação a Lei de Deus quantos aos muitos deslizes mencionados nesse texto – estes são muito mais sérios: são pecados que desafiam a ligitimidade de sua própria fé.

Então o que nos resta agora? Orar para que ele não só reconheça o seu orgulho e presunção, mas a sua idolatria aos deuses falsos que nortearam sua carreira. Orar para que o Espírito Santo de Deus o inquiete a confessar não só esta ponta do iceberg (senso de superioridade), mas toda imensidão imergida num mar de egocentrismo e heresias. 

Que o Thalles presunçoso dê lugar a um Thalles quebrantado e sedento por uma verdadeira conversão de seu ministério e fé. Por isso digo com toda certeza: se realmente este pedido parte de um agir de Deus em favor de sua transformação, preparem-se: a confissão está apenas começando; do contrário, será só aquela velha “pre$$ão” travestida de perdão, e em poucos dias as plataformas do gospel ouvirão “tira o pé do chão”.

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Antognoni Misael

domingo, 19 de março de 2017

SILAS MALAFAIA CRITICA PAULO JÚNIOR E REFORÇA SUA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Silas Malafaia hoje gastou mais de 18 minutos do seu programa para dar uma resposta ao Pastor Paulo Junior, líder da Igreja Aliança do Calvário, bem como para reafirmar as suas referências de liderança, teologia e também - para não perder o costume - associar aqueles que criticam a sua Teologia da Prosperidade a crentes insubmissos, invejosos, caídos ou destruídos espiritualmente.

O resumo de tudo que ouvimos foi...

1) Silas Malafaia: “Quem era você quando eu já estava na TV, para falar de mim?” Ou seja, ao contrário do que o Apóstolo Paulo aconselhou a Timóteo (1 Tm 4.12), Malafaia tenta dizer: “a tua mocidade [Paulo Jr.] não te legitima a falar nada contra os mais antigos”.

2) Silas se indignou porque Paulo Júnior teria afirmado que a teologia de Myles Munroe são heresias. Ele retrucou com sua voz nervosa: “Dizer que um cara desse [sic] é herege? Vai lavar tua boca, cara. Eu não conheci até hoje ninguém que falasse com tanta autoridade e clareza sobre o Reino de Deus (...) Eu vou dizer aqui, o homem mais sábio que cruzou na minha vida até hoje foi Myles Munroe. Rapaz... você está mexendo com quem Deus chamou!!” Bem...a grande questão é que não é apenas “alguma coisa” que o Myles prega de diferente, MAS a centralidade do Evangelho!! Pense, se eu tiro as partes centrais do Evangelho e substituo por outra coisa, eu adultero o Evangelho; se eu acrescento (Gl 5.9) algo à obra perfeita de Cristo, eu tenho quaquer outra coisa e não Evangelho; como diria o Dr. J.I. Packer “uma meia verdade que se mascara como se fosse a verdade inteira torna-se uma mentira completa”. – “Mas... o que é que tem de tão grave na teologia do Myles?” Vou citar só duas coisas seríssimas:

a) O mesmo ensinou que Jesus nunca morreu, mas ‘expirou’, soltou o ar que estava nele”. Isso contraria frontalmente o centro do cristianismo e ignora o que apóstolo João diz em João 12:32-23 “Quando [eu] for levantado da Terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer” e Paulo em 1 Coríntios 1:18 “A mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo”.

b) Myles defendia claramente que a maior dificuldade para se evangelizar as pessoas hoje em dia é que os crentes insistem em falar sobre sangue, morte e cruz. Para ele a centralidade da mensagem deveria ser o Reino de Deus, lugar onde Deus quer que estejamos – isto é, fale para pessoas de um lugar de bem estar, riquezas, alegria... Ou seja, essas são as “boas novas”, o céu que Jesus anunciou e não a sua morte. Isso contradiz o que o apóstolo Paulo, responsável por grande parte do Novo Testamento, afirma em 1 Coríntios 2:2 “Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado”. Tire mensagem da Cruz e não teremos mais Salvação e consequentemente Evangelho!

3) Silas também advogou a favor de seus gurus Murdock e Cerullho, e a sua argumentação foi a pior possível. Ele divulgou os livros dos supracitados, mostrando e lendo a capa de cada um deles, onde praticamente todos tinham temática sobre: riquezas, liderança, sucesso, batalha espiritual, vitória pessoal, e por aí vai... Depois ele faz pergunta: “onde está a heresia?” Evidentemente, na pronta-resposta faríamos outra pergunta: “cadê o Evangelho?”.

4) Silas usou critérios pragmáticos para justificar o “não julgueis”. Ele deixou claro que a base de sua análise para saber se algum líder é de Deus ou não, não é o que o pastor ensina, isto é, não é a fidelidade a Palavra, MAS pelo sucesso quantitativo e financeiro de uma igreja. E nesse quesito Malafaia afirmou, nas entrelinhas, que não se deve chamar de herege alguém que tenha certo renome e uma amplitude ministerial. Isso denota algo totalmente oposto ao que as Escrituras Sagradas ensinam! Não havia “sucesso ministerial” para profetas como Ezequias e Jeremias; não havia “sucesso” nas adversidades financeiras, de saúde, nudez e prisões que nortearam a vida ministerial de Paulo (2 Co 11.24-29). Não se julga um líder pela aceitação de diante dos homens, mas pela fidelidade a Palavra de Deus. Paulo bem sabia disso quando disse: Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo (Gálatas 1.10).

5) Silas ainda tentou fazer contorcionismo bíblico ao se utilizar da passagem de Marcos 9.38-40 onde Jesus afirma “quem não é por nós é contra nós”, simplesmente para que ninguém julgue a mensagem e o mensageiro. Ao dizer isso, Malafaia afirma - e ainda no fim do programa confirma - que, ele não julga heresias os ensinos de outros líderes Neopentecostais porque os considera parte do mesmo corpo, e que apesar de “algumas diferenças”, eles têm sucesso ministerial evidenciando então que são de Deus! Vamos a uma rápida ponderação a texto citado por ele. Primeiro, o que Jesus está falando é que havia um homem que não fazia parte oficialmente do grupo dos doze, e que estava expelindo demônios em seu nome, e que portanto, Jesus ao perceber o orgulho dos seus discípulos não rejeitou a atitude daquele homem – isso deixa claro o princípio de que todos aqueles que se envolvem com a sua causa, devem ser graciosamente reconhecidos. Ou seja, o texto que Malafaia cita não tem como mensagem central “não jugueis líderes de sucesso” ou “a despeito das heresias que eles pregam, não digamos nada, pois Jesus não quer que julguemos”! Diante disso tudo, o argumento mais fatal que desfaz esse discurso de Silas é lembrarmo-nos do que Jesus disse a igreja de Éfeso. Aqueles irmãos não se juntavam com o falso ensino dos nicolaítas, nem tampouco queriam companheirismo com eles, entretanto o que foi que Jesus disse diante disso? “Não julgueis o que ensinam?”, ou “não falem nada sobre eles, nem digam o nome deles?”, evidente que não. Veja as palavras claras e contundentes de Jesus: “tendes a teu favo que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio” (Ap 2.6).

6) Ainda tentou outro contorcionismo bíblico, quando citou Atos dos apóstolos (5. 38-39), onde é feito menção a uma argumentação de Gamaliel: “deixem estes homens em paz, soltem-nos. Se o propósito ou atividade deles for de origem humana fracassará; se proceder de Deus, vocês não serão capazes de impedi-los, pois se acharão lutando contra Deus”. Pois é, realmente se uma pessoa é cristã e vive não mais para satisfazer suas próprias vontades (Gálatas 2. 20), antes, busca primeiro as coisas do alto e procura pregar o Evangelho e promover o Reino de Deus, daí sim, enquadra-se em Atos 5 citado acima. Mas, se alguém vive baseado no Evangelho da prosperidade, da colheita financeira, das “riquezas prometidas”, então, ao contrário do que Malafaia diz, não é contra Deus que estamos lutando, mas contra um Falso Evangelho.

Por fim, o programa não teve nada de novo, apenas mais uma confirmação de que:

1) Silas continua fechado com o partido de Murdock e Cerullo.
2) Continua um homem autocentrado e baseado no seu esforço meritório.
3) Continua entendendo que sucesso diante de Deus significa sucesso ministerial e financeiro.
4) Continua usando a teoria do “não-julgueis” para ameaçar aqueles que criticam seus ideais.

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Misael Antognoni.