segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O louvor liberta?

Este assunto é oportuno pelo fato de ainda existir uma máxima no meio evangélico de que o louvor liberta. Mas, será que ele liberta mesmo? Um ímpio que passa a louvar em forma de cântico pode ter sua vida libertada do pecado e tornar-se um regenerado? Pois bem, antes de tudo vamos “acender o candiêro” e relembrar o que a Bíblia nos diz sobre o que é louvor.

O escritor de Hebreus nos dá uma dica importante ao dizer que louvor é ‘fruto dos lábios daqueles que confessam o nome de Jesus’ (Hb 13.15). Portanto, tudo que resulte numa confissão da divindade de Cristo, da excelência das obras e glória de Deus, e da presença de Jesus na vida de uma pessoa, é louvor.

O louvor é uma expressão daquele que foi regenerado, e não uma expressão para regenerar. Se atribuirmos essa qualidade ao louvor estaremos mistificando-o e colocando-o no lugar de Deus. “Então quer dizer que o louvor não liberta"? Não. Quem liberta é Cristo. Como bem disse o nazareno, “se Eu vos libertar verdadeiramente vocês serão livres” (Jo 8.36).

Talvez, alguém relute com esta ideia e traga como argumento o exemplo Davi tocando harpa para Saul a fim de alegar que o louvor libertou-o. Mas, será se Saul foi realmente liberto pelo louvor ministrado por Davi? Vejamos o texto:
“E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele” (1Sm 16.23).
Bem, o que sabemos diante dessa história é que Saul obteve temporariamente alívio devido a presença do espírito santo em Davi, mas não foi liberto. Isto porque repetidas vezes o espírito mau veio sobre ele e o problema não foi resolvido.

No capítulo 19 de 1 Samuel, Saul planeja tirar a vida de Davi e no capítulo 24 vai ao encalço dele para mata-lo. Eis a prova, o louvor não libertou Saul!

Por causa deste e de outros exemplos temos outra questão a ser redefinida: muitos ainda associam unicamente o louvor a música. Louvor é louvor. Música é música. Contudo, a música pode ser uma expressão de louvor como foi por muitas vezes tanto no velho testamento, quanto na igreja primitiva. Ora, o apóstolo Paulo escrevera vários textos em forma de hinos, como Filipenses 2.6-11 e 1 Timóteo 3.16, bem como indicou o louvor através de canções a algumas igrejas, como fez aos colossenses: “louvem a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração [Cl 3.16]”.

Então chegamos as seguintes conclusões: louvor não liberta; louvor não é música, mas a música pode ser uma expressão de louvor.

Pois bem, antes te apagarmos o candiêro, vale uma observação. Entendamos que Deus tem seus meios de alcançar o pecador, certo?, e nada pode impedi-Lo de utilizar um louvor que traga o Evangelho de Jesus para libertar um pecador. No entanto, não esqueçamos... quem libertou não foi a canção (ou louvor), e sim Cristo.

***

Misael Antognoni.
Texto inspirado na Reformusic (Igreja Batista de Jataúba-PE), junto com o parceiro André Luis.

7 comentários:

  1. Que legal! Foi engraçado que enquanto eu lia pensei "seria bom falar da diferença de louvor e música", no parágrafo seguinte você já vinha explicando. Gostei!

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  2. Muito pertinente... Mexeu numa caixa de maribondos chama 'Ministério de Louvor', a expressão "o louvor liberta" é um clássico! Espero que as pessoas leiam o texto com submissão a Palavra ensinada.

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  3. Muito legal, sobretudo quando foi colocado que "O louvor é uma expressão daquele que foi regenerado, e não uma expressão para regenerar." Show de bola...

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  4. Muito bom meu irmão... Deus continue abençoando...

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  5. Muito bom meu irmão... Deus continue abençoando...

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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